sábado, 24 de setembro de 2011

Tortura

"Parem, Parem... Não  tirem a minha força ... a minha liberdade"
Ouço a pobre Hagia a gritar por entre as penumbras da noite.
Todos a veneram, todos a desejam, todos a invejam, todos sugam as suas forças.
Pobre Hagia que nada inveja, nada deseja do alheio, e lentamente sugam as suas forças, rindo na sua cara que nem uma escrava.
Sinto já a frieza da sua alma, sinto a tristeza dos seus olhos ao contemplar o mundo sombrio.
Nada tem sentido, nada é vivido.
Pobre Hagia, que na ternura da sua inocência voou de encontro a um novo mundo, ao encontro de novas pessoas.. de um amor.
Hoje é escrava da maldade alheia, do medo de uns que fazem dela seu suplicio.
Pobre Hagia que já nem lágrimas para chorar têm e um sol para a iluminar alguém ousou roubar e na sua vida a noite pernoitar.....

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Descontextos

Bailamos juntos nesta dança.
Sentimos o corpo um do outro, tão próximo e tão distante.Tão desejado e tão repudiado.
Dançamos sobre as ondas de um mar revoltoso, em que a força provém dos fantasmas do teu passado e do medo do futuro.
Ambos queremos, mas ambos nos afastamos no receio de um nada que se une daquilo que ambicionamos enquanto humanos, mas que a sociedade restringe enquanto mundanos.
Palavras pouco sóbrias se soltam de eternas conversas sem futuro e de promessas sem rumo.
Lançamos sonhos, acendemos desejos, que morrem num olhar frio e em palavras perdidas de ataques iminentes.
Sonhamos fora de um contexto que dramatizamos no meio de uma historia que ambos sabemos que não pode ter um fim.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Sombras

Todos os dias nasce um novo dia...
Hagia acredita que algo pode mudar...
Sabe que  nos  seus olhos não vai tocar, que nos seus braços não vai posar...
Mas na sua inocência acredita que ele algures pode pensar nela...
Pobre Hagia que nos seus sonhos corre por entre longos corredores de encontro a ti...
Sim tu sabes o que ela sente.
Que o sonho dela  é a tua presença na sua vida.
Que o teu desprezo é a dor dela e o teu cheiro é a esperança..
Pobre menina enterrada nos seus amores, na sua dor...
Dá-te  gosto  de seres o fantasma de um sonho que já teve o seu fim.
Pobre menina que desnorteia na sua solidão, na procura do saber que nunca vai ter.
Procura da perfeição que não passa de uma estúpida ilusão.
Pobre Hagia que se verga na sua inocência, à maldade deste mundo, desprezível e inconsumível.
Bem a podem desejar, querer amar, mas todos sabem que a beleza dela não é algo que se pode tocar...
E assim desgraçada terá com o tempo de se conformar... que a solidão é a única forma inexistente de ela amar...

Noite...

Ela sabe como cada noite é uma tortura na sua essência...
No negrume da noite ela sente os seus passos.... tão perto...
Sente sobre o seu longo cabelo o respirar dele, o desejo dele... o medo dela.
Deseja-o mas teme o seu cheiro, o seu corpo, como um martírio.
Envolve-se nos seus braços desprezivéis, mas tão ambicioso desejo de o envolver em si, de o beijar e poder amar.
Tortura de amor incandescente, da bela poetiza morta, que se envolve no negrume da noite, no silencio de um amor que não tem palavras para descrever o quanto é uma dor sem fim.
Grita num grito mudo o impiedoso desejo de o ter, o afastar dos seus braços, o arder daqueles lábios...
Que à noite ao se afastar... num novo amanhecer é a frieza de uma alma.....