sábado, 21 de dezembro de 2013

Alguém



A cada dia que passa e a cada lágrima que cai, aprendo pequenas lições...
Aprendo perceber quem sou e que rumo seguir, sentir e afastar quem de bem não tenciona ficar.
Cada momento, cada palavra, cada sussurrar pelas paredes ensinam a arte de uma sociedade egocêntrica e mordaz na forma de  como contempla o viver de  quem o rodeiam.
Esqueci as palavras, os gestos, alegria e o saber, prendendo-me a pequenos pormenores para não deixar de respirar.
Serei eu tão ingênua ao ponto de me deixar matar sabendo que tenho tanto para lutar.
Quero nestas entrelinhas decifrar estar dor que me atormente, este ataque súbito de infelicidade que nem os sóbrios entenderiam.
Quero desabafar porque não aguento as conversas de entrelinhas, os esquemas de maldade de quem nunca prometi guerra. Quero entender esta estúpida sociedade de fachada e de bens, quando nada tem e nada são.
Cospem na cara de um pobre que trabalhou a vida toda para ser alguém, e assim o crucificam a um posto que não é nada perante os olhos de alguém.
Morrem as promessas gritadas no passado e inexistentes num futuro. Morrem aqueles sonhos de alguém ser para alguém fazer feliz.
Não tenho mais palavras, não tenho mais lágrimas, simples dor de tanto lutar e agora saber que nada mais tenho para  dar.


 Serei eu o problema desta história que perante todos nada tem a contar!
Fragmento do Guernica I


quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Fases perdidas...

Há fases da vida que não sei quem sou e para onde eide ir.
Tudo que sou,
Tudo o que tenho,
Tudo o que sinto,
Tudo perde sentido...
Toda uma vida que num momento de análise resume-se ao nada.
Restam as lágrimas e os porquês de uma história escrita por mim....


Risco



Acordar e perceber que aquilo que foi conquistado não é o que quero alimentar enquanto vida e enquanto futuro.
Abala me uma melancolia, um medo de arriscar, até mesmo de escrever por ver que foi invadida por uma maneira de viver e de ser que não sou eu.
Estranho como o meio que me rodeia, as pessoas, os momentos, as palavras, até os cheiros nos amarram enquanto escravos ao receio de à escala  zero voltar quando no menos zero acabo por estar....
Estranha forma de evitar arriscar e amar... Estranha forma de o coração apertar quando mais nada existe, nada tem sentido.
Os anos passam, a tortura aumenta, o medo vence e eu me retraio em lágrimas perdidas pelas penumbras da noite. Quem sou eu, o que quero e para onde quero ir. Sinto-me perdida, anestesiada da realidade, do tempo e do momento...

sexta-feira, 14 de junho de 2013

A Aranha - Fernando Pessoa

Fernando Pessoa
A Aranha


A ARANHA do meu destino
Faz teias de eu não pensar.
Não soube o que era em menino,
Sou adulto sem o achar.
É que a teia, de espalhada
Apanhou-me o querer ir...
Sou uma vida baloiçada
Na consciência de existir.
A aranha da minha sorte
Faz teia de muro a muro...
Sou  presa do meu suporte.

 Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa, 13 de Junho de 1888)

terça-feira, 2 de abril de 2013

Eu sou?!

Eu sou aquilo que lutei, aquilo que me educaram, aquilo que a sociedade quer que eu seja.
Eu sou?! Um universo e uma questão quem sou!?
Acordar e contemplar mais um dia, sentir os rostos tristes do dia a dia, sentir a neblina de cada amanhecer numa sociedade já triste de si mesma.
Será isto que quero, será viver da dor e da ganância do outro que me faz viver.
Beber do medo alheio de não confrontar e tentar mudar.
E se este mundo que todos vivem e construíram não faz parte do que "Eu sou?!".
Um de mais amanhecer contempla um espaço, uma vida que não faz parte do verdadeiro ser.
Eu sou aquilo em que acredito e não o que me querem impor.
Eu sou a minha verdade de viver e fazer viver o que me rodeia.
Eu sou o sorriso dos meus pais, a alegria da casa, a amiga chata, a sonhadora, a rebelde... Eu sou e tenho em mim o caminho que quero, posso e vou escolher.
A verdade está em cada um e não no alheio, na mentira, na futilidade e banalidade desta sociedade semeada de silvas.
Esquecer o medo viver a vida, saborear o silêncio, a chuva a cair lá fora, a água a correr, o sorrir de uma criança, viver e contemplar pequenos elementos ocultos desta tempestuosa realidade que ofusca Quem Somos e aquilo que há em cada um de nós.
Não há que recear o amanhã, o não aceitar ou simplesmente acreditar na loucura de que há algo que está na hora de largar para encontrar o meu Eu.


sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Passagem

Muita gente passa na vida, cada um à sua maneira deixa uma marcar...
Mas é simplesmente uma marca, acabam por não ficar nem que seja para um café.
Vão e vem como uma maré.
Dizem um olá, mandam a mensagem da praxe a perguntar como estás, mas vem e não ficam.
Procuram na hora da solidão, prometem na hora de partir e esquecem na companhia de alguém.
São meras passagens, meras recordações que fazem parte da prática da vida.
E assusta esta eterna mudança e ciclo de pessoas que passam pela nossa vida, mas que poucas ou nenhumas acabam por ficar.
É um rodopio de crenças, de sentimentos que só que para quem contempla e sente é que percebe que quanto mais se dá, mais levam de cada um de nós e mais sós ficamos...

Com meras sombras e  recordações de passagens....

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

'Friends Will Be Friends'

Sentimentos deflagram perante as mudanças da vida.
Mudam os gostos, os desejos, os momentos e essencialmente as pessoas.
Passamos a conhecer os gestos, as palavras e as atitudes, que lemos por entre linhas da verdade nua e crua.
O tempo e a companhia leva a ler de alguém aquilo que  desagrada, os  defeitos, os  medos e dúvidas.
O idealismo de uma amizade perfeita ou de um ser perfeito, torna-se com o tempo uma imagem distorcida de uma realidade presente. 
É tão estranho ler por entre os seus olhos e sentir sobre a sua pele os bons e maus momentos da vida.
A sua dor, os seus problemas acabam por ser a sombra e o medo do que  podemos vir a ser ou até do que somos.
Ouvimos e acolhermos alguém no nosso coração em que os seus defeitos são tantas vezes os nossos defeitos e a sua dor é tantas vezes a nossa insegurança.
As suas alegrias passam a ser o sol de mais uma manhã na nossa vida e as suas lágrimas de mais um dia de tempestade.
Por mais defeitos que possuam, a sua presença é a força de mais uma caminhada pela intempéries da vida e a esperança de cada novo raiar.
Amigo que é Amigo por mais que em certos monumentos  irrite, seja chato e desconfiado, o seu sorriso  é a coragem de acreditar que vale a pena lutar porque ele bem ou mal está  ali.
Amigo que sabe abraçar é o verdadeiro Amigo que sabe bater na hora de querer desistir, na hora de voltar  atrás no minuto errado, de dizer o não quando deve ser dito e no segundos certos a sua força partilhar.

Amigo não é perfeito mas é o reflexo daquilo que temos em nós e aquilo que tratamos e acarinhamos como uma flor num jardim. 


segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Kozmic Blues






"Tempo continua passando,
Amigos, eles vão embora.
Eu continuo indo...
Mas eu nunca descobri porquê
Eu continuo perseguindo tanto o sonho
Eu continuo tentando fazer do jeito certo
Através de outro dia solitário."
Janis Joplin - Fotografia de Baron Wolman