sexta-feira, 29 de abril de 2011

Deolinda - Passou Por Mim E Sorriu [HQ]

Mundo preto e branco...


Um dia acordei e o mundo estava pintado de preto e branco...
As pessoas vagueavam perdidas nos seus pensamentos, perdidas em si mesmas...
O sol na sua tristeza abraçava a escura nuvem ameaçadora na sua tirania presunçosa...
Caminhei por entre ruas... os autocarros cheios na sua passagem mostravam rostos que ninguém sabe, nem ninguém quer saber...
As árvores despidas pela ganância do vento, dançavam na melancolia da sua história...
Cometavam conversas perdidas nas pedras da calçada.

Fechei os meus olhos...
Senti cada palavra, cada toque, cada pensamento...
O sorriso de uma criança iluminava naquela rua extença a alma daquele velho perdido, no seu passado, naquilo que foi e teve...
Sorrir algo que tantas vezes há necessidade neste mundo de fingir...
Naquele dia ao caminhar o meu sorriso assustou as nuvens e lentamente cada passo, era uma nova cor...
Era um novo amanhecer embalado num sorriso, num olhar... num desejo que o coração salta em querer partilhar.
Apetecia-me dançar, cantar ao mundo e com as minhas mãos te agarrar e para longe voar.
Tudo teve o seu sentido... o que não teve no mundo preto e branco... as cores apagavam na sua alegria contagiante.
Queria naquele momento estas palavras ao mar lançar e num simples olhar... algo te partilhar.
Deixei-me contagiar, esquecer o mundo inerente...
Sorria por que fazias-me sorrir e isso ninguem podia roubar.

O mundo à minha volta desabado numa guerra continua... No segredo da noite, mesmo nos braços da solidão, sabiam que algo tinham noção...
Bastava os olhos fechar e mesmo ao longe um abraço sentir...
Bastava um sorriso... bastava um olhar acolhedor para por momentos esta dor afastar.... mesmo sabendo que nunca me poderás amar...

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Não é um dia em branco....

É no amor daquela criança, do seu sorriso, que vejo em ti a minha inspiração... vejo a tua continuidade...
Porque no dia em que ele iluminou a minha vida, uma estrela na minha vida apagou...

Não podia deixar em branco este dia.

Recordar o teu sorriso, as tuas lições, o teu olhar maternal..
Se hoje acredito em muito do que sou, do que luto e do sorriso que esboço nos lábios quando apetece chorar, agradeço a TI...
O tempo pode passar passar... as fotografias num canto se guardarem... mas o amor que tenho por Ti Tia ninguém mudará nem roubará.....

Obrigada por fazeres de mim a Mulher que sou:)

quarta-feira, 20 de abril de 2011

O que eu sinto não se escreve....

Queria neste momento partir...
Não me lembrar quem sou e o que fui, não recordar o que vivo, quem na minha vida passou, o que tive e perdi.
Não tenho mais forças para lutar... o cansaço afoga-me a alma, as insónias acordam as minhas amarguras.
Neste momento desejava um corte na pele maior do que ao que tenho na alma.
A solidão invade-me recordando promessas, palavras, imagens, vivências e fotografias.
Queria parar o relógio que está em mim, apagar lentamente cada lembrança, cada passagem, cada pessoa.
Conto o tempo para um dia partir e nunca mais de mim ouvirem falar...
Apagar cada rasto, cada foto, cada frase...
Um dia como todos os dias acordo... mas parto...
Procuro novas pessoas, novas vivências, procuro realmente aquilo que sou e todos me limitam...
Procuro o meu verdadeiro lar, construo o meu mundo, a minha vida, com cada pedra que todos me atiraram um dia.
O que eu sinto não se escreve, nem se vive...
O egoísmo e comodismo inerente é superior que a compreensão de um ser como eu.
Digam e pensem que escrevo mal... A originalidade não está em ser-se o centro mas ser-se humano...
Ninguém sabe o que é ser humano, amar, sentir a verdadeira essência de saborear a vida, de tocar e contemplar o interior...
Os mundanos preocupam-se em "externizar", em "carnizar", materializar... nunca em amar....

quinta-feira, 14 de abril de 2011

A menina que não sabia o que significava maldade

Ela gostava de brincar por entre os campos, correr sentindo o vento na sua cara.
Tocar nos animais, subir às árvores e sentir a terra nos seus pés.
Era ela a eterna menina, que nos seus vestidos folhados, cantava e bailava como uma rosa perante o vento.
No seu olhar ternurento brincava com o mundo sem malícia.
A menina cresceu, sentiu a maldade de outros meninos, via a tristeza nos olhos dos seus pais, perante a maldade dos grandes mas mesmo assim vivia a vida, saboreava a vida como um rebuçado.
Olhando em seu arredor decidiu voar...
Foi ao encontro do seu sonho...
Conheceu muita gente, percorreu muitos sítios, viu muitas vezes o nascer do sol.
Mas nunca fez mal a ninguém... Perdeu noites a estudar e tantas a falar...
Dos sonhos, de promessas de amizades, de toques de mãos, de secretos às estrelas...
Chorou e sorriu...
Teve os melhores "amigos" e os piores inimigos.... mas à sua maneira era feliz.

Um dia tudo muda... os supostos "amigos" tornaram-se sombras... repletos de malícia, que a usaram e desprezaram.
A menina deu-lhes a mão... mas ao olhar apercebeu-se que tanto do que havia conquistado com o seu trabalho e os seus sonhos eram motivo alheio...
Mas ela inocente assim continuou dando-lhes a mão...
Hoje apercebe-se que não passava de fachada, o tempo presente e a verdade inerente para uns queimou-lhes a mascara.. para outros bastou a distância e a ausência para ver que tantas palavras e tanta coisa simplesmente serviu de apoio quando no mesmo barco se encontravam a remar...
Hoje a menina pode remar à sua maneira, mas é digna das suas palavras, respeita a integridade dos outros... pode ter a sua frieza e ser calculista para sobreviver mas nunca nunca prejudicou ninguém, nunca usou como a usaram...
Hoje essa menina é uma mulher que digam o que disserem em comparação com o que a rodeia, não prejudica a integridade dos outros e tem respeito!
Hoje essa mulher tem dignidade a mais para viver neste mundo e viver rodiada de quem vive...

Mas esta mulher conta pelos dedos quem na sua vida está.. e agradece-lhes por ser quem é ter força de olhar para mais um dia... Obrigado a estes...

Arde


A ironia paira no ar.
Risos inconfundíveis na minha alma... eu sei o que é, quem é e porquê...
No meu coração queima a mesma mão que dei tantas vezes para os outros, na minha inocência, na minha ternura, sabia que podia vir a queimar e assim foi...
Acreditei, deixei levar e assim mais uma vez deixei-me enganar.
Cada vez menos acredito que existe amizade, existe conhecidos para os momentos da solidão falar, umas noites sair, mas na solidão da vida ninguém recorda promessas nem palavras...
Queima lentamente o que sou enquanto pessoa, congela o meu coração...
Agora sim podem dizer o quanto sou fria, calculista, porque assim vocês me tornaram!
Obrigado por me tornarem cada vez mais na pessoa azeda que sou.
A solidão naquelas noites e naqueles dias ofuscos é que até me consolava... porque apesar da sua frieza não me queimava a alma.
Obrigado pelas palavras, pelas promessas, por tanta coisa que ao vento nada valem e que tanto para mim valeram, numa cegueira constante, numa alegria que pensava estar a viver e afinal não existia.
Não sei fazer perguntas, nem procurar respostas, perante estas lágrimas que correm na minha fase e ninguém as ampara.

E lentamente arde e arde cada palavra e cada recordação....