O carinho de um recém-nascido é a forma mais pura de amor, sem segundas intenções, sem receios, sem urgência.
As crianças aprendem a perder essa capacidade inata de amar.
Sabes quando alguém te abraça e tu sabes que te ama?? Sem qualquer dúvida, julgamento, receio, hesitação??
Sem pensar nas compras, no dia de trabalho, como vai ser o amanhã??
Se és alto, baixo, magro, gordo, esperto, burro, bonito, feio, atraente ou asqueroso?
Completamente dedicado a usufruir do momento e do prazer que retira dessa carícia??
Assim é o amor de uma criança (à medida que envelhecem isto muda infelizmente).
Sem exigências, questões ou necessidade de entender ou racionalizar.
É amada e ama como resposta... quando é que nós perdemos essa capacidade?
Quando é que deixámos de nos contentar em amar e ser amados, para procurarmos de forma obcecada quando não temos e quando temos temermos com o mesmo fervor a sua perda?
Quando nos tornámos reféns do que precisamos? Amor, respeito, carinho, companheirismo?
E quando é que isso se tornou em estatuto? Por estarmos com alguém bonito, atlético, inteligente, bem sucedido, rico?
Quando é que nos deixámos de preocupar em fecharmos os olhos e usufruirmos de alguém para nos preocuparmos no reflexo que esse alguém tem aos olhos dos outros?
Não bastará ser a luz dos NOSSOS olhos? O ar que respiramos? O sorriso dos nossos lábios? O sal das nossas lágrimas?
Quando é que a pulsação, o calor, o suor tomaram conta dos nossos sentidos???
Há dias queria escrever o que era o amor.
Olhei à sociedade inerente e apercebi-me que o "mundo dos grandes" não sabe o seu verdadeiro signifcado.
Procuram uma imagem ficiticia, um complemento falso mas visivel e aceitavel na sociedade.
Ri-me ao ver isso.
Apercebi-me que era como uma criança, quando gosto acarinho, nem preciso de dizer nada. Se não gosto mostro o meu desagrado e sem ferir continuo no meu mundo.
Apercebi-me que não quero crescer, não quero ser como os grandes, não quero amar nem construir a vida como vem que tem de ser construida.
Às vezes choro porque procuro as palavras, os gestos, para mudar as pessoas, no sentido de entenderem que amar não é como vivem, mas é abraçarmos com carinho, chorarmos na alegria e na tristeza, é dançar na chuva, é rir do nada, é simplesmente ser o que somos enquanto pessoas e não termos vergonha disso.
É amar na sua simplicidade por aquilo que a pessoa é pelo seu falar, pelo seu estar, rir, sentir que somos alguém.
Uma vez disseram que a missão de vida de cada pessoa é aprender a amar. Acredito que assim seja, e lamento que cada vez mais amar é definido como algo carnal.
Para mim amar não é esperar retorno, nunca procuro o que dou, porque ai se encontra a verdadeira essência de amar, de estar presente, de valorizar.
Amar palavra que tem tanto por onde começar mas não vejo o ser terminar.
Defina o que a sociedade definir, o que os outros acharem e criticarem por não corresponderem aos itens de beleza, ao estatuto, a palavra AMAR está nas mãos das eternas crianças que continuam a acreditar em si mesmas e na verdadeira essência de viver e amar o outro.
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