domingo, 20 de março de 2011

Grito do Silêncio

Sentia as lágrimas a pesarem na alma, a fúria tremenda de começar a gritar no meio daquela multidão, de chorar e apontar o dedo aos deuses do meu martírio... e começar a correr sem fim.
Sentia o balbucio das conversas, os olhares indiscretos, os risos de gozo, o toque da falsidade...
Sentia-me um ser desprezivel....mas importante como tema de conversa de vizinhas.
Gritava no meu silencio a raiva deste mundo, de ti que fazes parte do meu coração, das incertezas de tudo e mais alguma coisa.
Não sou ninguém mas todos falam, ninguém quer... mas todos me procuram.
O tempo passa, quero estar ao lado de alguém, quero os meus amigos... mas o tempo deles não é o mesmo que o meu...
Não há tempo para nada porque na minha alma o tempo nada ocupa, enquanto no coração dos outros o tempo marca o seu espaço.
Abandonada corro sem fim nos meus sonhos, aquela voz no fundo das escadas me chama mas não quero descer.
Nos meus sonhos num rio tento nadar contra a corrente, mas lentamente deixo-me afundar...
Semanas e semanas a sonhar o mesmo, a ver reflectida a imagem daquele ser na luta para nos seus braços ficar.
Ao acordar o cansaço invade o meu corpo, caminho sem noção da realidade, procuro respostas... encontro questões e assim na minha amargura deixo contaminar, sabendo que o meu coração não mais voltará a amar...

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