quarta-feira, 2 de julho de 2008

Contemplação


Hoje desejava parar o tempo, parar por momentos a vida.
Contemplar o mundo aos meus pés inerte...
Desejava por tanto desejar, desespero por em meu poder nada ter, nem a minha vida de momento consigo controlar...
Deixo-me embalar pelo nada, como gostaria que a minha alma do corpo soltar e finalmente a sua liberdade gozar.
Sinto-me impotente perante tudo o que me rodeia...
Deito-me sobre as estrelas, contemplo o céu, contemplo o silêncio.
Procuro as suas palavras...
Vivo um pequeno intervalo da vida, deixo-me ir.
Voo por onde nunca voarei, desejo o que nunca terei, desejo o tanto desejei e a vida roubou.
Choro pelo tempo perdido, pelo que passa e pelo que me espera.
Choro porque nem em Deus encontrar a Paz que lhe peço, choro por não ter forças para erguer as minhas mãos ao céu, não ter coração e esperança para mais uma prese.
Sinto-me uma mendiga na vida, que se arrasta por caminhos estranhos em busca de um aconchego, de uma palavra, de uma luz.
Fecho os meus olhos deixo-me contemplar pelo silêncio que nos seus longos braços que me acolhe.
Porquê tanta pergunta, tanta confusão em mim, quando a minha volta sei que há quem precisa da minha mão, do meu apoio, do meu riso frenético mas caloroso.
Suspiro neste vasto silêncio frio e penoso.
Eu sou esse silêncio que acolhe em mim as minhas palavras e os meus medos, que acolhe tanto do que sou...
Não sei amar, não sei sequer respirar...
Pudesse eu mandar no tempo, para tanta coisa mudar e ao seu lugar retornar,
Pudesse neste momento morrer para voltar a nascer,
Pudesse sem puder tudo fazer,
Pudesse entender a frieza e o afastamento de tanto ser,
Pudesse ter no momento certo as palavras certas,
Pudesse eu recolher num saco todos os problemas e dor que no coração dos que amo e dos que sinto que não estão bem, para o mar mandar e nas suas vidas o sol voltar a brilhar.
Pudesse eu, mas não posso.
Lamento contemplar tamanho negrume da vida.
Lamento não ser ninguém,
Lamento por não poder indicar um caminho, uma formula magica para tudo o que consome as almas que me rodeiam.
Lamento a dor que dou aos que me rodeiam, mesmo que a esconda, ao receio de desistir da vida.
Sofro pelas lágrimas da minha Mãe, pelo desalento do meu Irmão e o silêncio de dor do meu Pai, sofro por saber que causo com o meu silêncio e a tristeza dos meus olhos tal tristeza em vós.
Contemplo este tempo, este vazio espaço, este vasto céu...
Contemplo desejos perdidos sobre as estrelas...
Acredito que elas me estão a ouvir...
Acredito que um dia tudo melhorará e o tempo no seu tempo retornará a fazer sentido...
Acredito que um anjo tão perto e tão longe me contempla e me guia...
Acredito que tudo nesta vida se resolve, que depois de uma tempestade ou de uma cerrada noite o sol volta a bilhar.
Acredito que eu e quem neste momento vive preso as tempestades da vida, seu rumo encontrará, seus sonhos realizará.
Acredito que numa triste noite alguém ao meu lado um dia confortará o meu coração com as suas palavras e o seu calor.
Acredito que por tanto acreditar, neste profundo escrevinhar tudo lentamente se encaminhará e quando menos esperar a vida novo sentido encontrará e nos rostos dos que mais amo os seus sorrisos contemplarei.
Deixo-me contemplar e lentamente embalar sobre a noite envolvente...
O amanhecer algures se encontra e novo dia nascerá!!!

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