A noite cobre as ruas de Coimbra, escondendo os seus encantos...
Soltam-se os mundanos, na procura da fuga diária, da loucura, do fervilhar do sangue...
Eu sou uma delas, como morcego percorro por entre ruas e bares em busca de uma fuga interior que por mais queira não encontro.
Sou filha da noite, danço por entre a multidão, convivio, bebidas, risos frenéticos e pura loucura, solto em mim um ser que não conheço.
Sinto uma falsa alegria perante a loucura, não penso em nada, curto sem sentido, não quero pensar nem sentir nada que me vá na alma.
Falo e convivo com a malta, quero esquecer o "deserto" no meu coração e dançar até o sol raiar...
Assim vivo a noite sempre na minha, no meu pequeno mundo...
Vivo na noite o que de dia perante mim é alheio.
A noite consome-me o sono, trás-me recordações e alucinações, procuro fugir à solidão do meu quarto, às noites em branco e pensamentos complexos...
De mais uma das minhas fugas tal como na última noite perante o som louco que me rodiava, pessoas e muita alegria senti o meu medo... a solidão.
Mesmo rodiada de colegas senti-me só, parei para contemplar o ambiente, as pessoas...
Senti-me perdida num mundo que eu vivo e conheço...
A alegria pairava no ar mas sobre mim pairava a necessidade de partilhar com alguém aquela solidão, dançar e falar com alguém que me completa-se.
Senti raiva de não ter naquele momento alguém para mim, senti as lágrimas a cairem-me sobre o rosto, que sentimento era aquele???
Apetecia-me fugir, correr por entre as ruas e desaparecer...
Deixo-me agarrar por tal dor da alma, partindo sozinha por entre ruas, procurando sentir o amanhecer em que no silêncio de novo dia uma resposta à minha alma encontra-se.
Resposta que eu tanta vez rejeito...
A ausência da pertença de um ser em mim,
Ausência que mata a alegria de viver,
Ausência que na presença de tal ser `
É essencial como a água que bebo ou sol que ilumina o mundo...
Ser amado e contemplado por alguém que nos complete é uma essência da qual não se pode ser privado...
Por mais amigos, noitadas e momentos agradáveis que viva algo faltará ao meu lado e será sempre a ausência de um amor...
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