quinta-feira, 5 de junho de 2008

À deriva


Presa numa pequena ilha, em que construia o meu mundo à minha maneira, vivia numa solidão de alegria.
Fingia ser o que não era...
Era um simples ser à espera de uma salvação de uma fuga à solidão do meu mundo.
Triste o mar contemplava, desejava dali partir, voar e novos mundos encontrar, não temer a distância, viver sobre o risco.
Deixava-me sonhar a solidão lentamente os meus sonhos começou a apagar.
Era a rainha sobre o mundo, era o nada sobre o universo, era um simples ser em busca de aprender a viver.
Deixe-me por um sentimento inundar, destracar o meu barco e ir ao encontro do nada.

Podia ficar a deriva mas o vento a novos rumos me havia de levar à aquilo que ambicionava, encontrar algures numa outra ilha ou num grande porto, sabia que algo me esperava e todos os dias sobre o horizonte me procurava.
Deixei-me pelo mar levar, apanhei tempestades, o mundo parecia ruir, os deuses descarregavam a sua raiva de eu querer ir mais além.
Não me deixei vencer, lutei contra o desespero, havia de encontrar bonança na minha luta.
Em dias de sol o mundo parecia perfeito, tudo tinha sentido, menos eu, sentia o mar demasiado vasto para descobrir, acreditei que o meu fim se aproximava, eu roubava lentamente o sentido as coisas, ao sol e a vida.
Podia chegar mais além, lutar pelo meu coração a deriva, algo havia de encontrar, a minha vida um novo rumo havia de direccionar, não podia estagnar.
Lutei até não poder, perdi guerras, ganhei terreno, lutei, persisiti numa luta sem fim.
Novos portos acabei por encontrar, sei que a qualquer momento o mar me vai levar, as tempestades sobre mim cairem, sei que temo ter o que a qualquer momento temo perder, guardo e preservo o que tenho, procuro o que quero.
Contemplo o mar, sinto que é mais um porto a descobrir mas a qualquer momento a deriva me posso encontrar, não posso desisitir, tudo tem sentido.
Os deuses observam, sinto que algo me reservam.
Não quero pensar, neste momento esta estabilidade desejo preservar e olhando para o céu as tuas palavras desejo sentir, necessidade de sorrir por saber que sabes que existo.
Sonho sem razão, conheço mais do que pensas o teu coração, sei que tantas vezes estás a deriva ou atracado a um porto que não deixa o teu barco entrar, está na hora amigo de novos rumos tomares e o passado deixares.
Não temas o teu barco sobre as tempestades se afundar, tudo tem sentido, nada pode ser temido.

Contempla, sente, vive para ti...
O barco da vida em muitos portos pode atracar, tantas vezes no mar se perder, mas o único rumo a tomar e novos mundos encontrar cabe a ti o guiar.




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